Essa é uma das partes mais complicadas da química orgânica para os estudantes, e posso dizer por mim que realmente é. Como nós sabemos qual fator é mais importante? Nós devemos nos ater a base, ao substrato, a temperatura ou ao solvente? Como saber qual mecanismo usar?
Esse post será dividido em duas partes.
Parte I: Iremos mostrar cada um dos mecanismos de reações (SN2, SN1, E2 e E1).
Parte II: Nesta parte vamos aprender qual mecanismo de reação devemos escolher a partir do substrato, solvente, temperatura, entre outros.
Parte I: Iremos mostrar cada um dos mecanismos de reações (SN2, SN1, E2 e E1).
Parte II: Nesta parte vamos aprender qual mecanismo de reação devemos escolher a partir do substrato, solvente, temperatura, entre outros.
Vamos primeiramente ver cada um desses mecanismos e seus conceitos básicos.
Haletos orgânicos:
Os haletos orgânicos são substâncias provenientes de compostos orgânicos pela troca de um ou mais hidrogênios por halogênios (F, Cl, Br, I).
Os haletos podem ser classificados de acordo com o halogênio que está na cadeia carbônica, como fluoretos, cloretos, brometos, iodetos ou mistos.
Haletos de alquila:
O haleto de alquila é o composto orgânico que possui um halogênio ligado a um carbono saturado de um hidrocarboneto de cadeia aberta.
Sua fórmula genérica é: R - X
Onde R: grupo de alquila, radica alquila. X: Halogênio.
Exemplos:
Haletos de arila:
O haleto de arila é o composto orgânico que possui o halogênio ligado diretamente a um anel benzênico.
Sua fórmula genérica é: Ar - X
Onde: Ar: grupo arila, X: Halogênio.
Exemplos:
Reações de substituição nucleofílica em haletos de alquila:
As substâncias orgânicas que possuem um átomo, ou grupo de átomos eletronegativos ligado a um carbono sp3 sofrem reação de substituição nucleofílica.
Neste tipo de reação o átomo ou o grupo eletronegativo é trocado por outra espécie química com um par de elétrons não compartilhado .
Exemplos:
CH3-O- + CH3-CH2-Br CH3-CH2-O-CH3 + Br-
Reação SN2:
Fez-se um estudo da velocidade de reação do CH3Cl com OH- à 60ºC, obtendo:
Observe que os experimentos mostram que a velocidade depende da concentração de cloreto de metila e também da concentração do íon hidróxido. Quando dobramos a concentração do cloreto de metila na experiência 2, a velocidade se duplica. Quando dobramos a concentração do íon hidróxido na experiência 3, a velocidade se duplica. Quando dobramos ambas as concentrações, na experiência 4, aumento por fator de quatro.
Logo, pode-se concluir que esta reação é de segunda ordem. Ou também podemos dizer que é uma reação bimolecular.
Portanto, o termo SN2 é: Substituição, nucleofílica, bimolecular.
Mecanimos para reação SN2:
Vamos ver o mecanismo para a mesma reação acima:
1 - O nucleófilo se aproxima por trás do carbono que possui o grupo abandonador.
2 - [Estado de transição] Á medida que o nucleófilo forma a ligação, o grupo de saída se afasta. Assim, o carbono sofre inversão. (Sua configuração tetraédrica é invertida para o lado oposto)
3 - Essa reação ocorre em apenas uma etapa (sem intermediários) através da formação de um arranjo instável de átomos. (Estado de transição)
Produto final:
Porém, nesse caso não há como provar que o ataque por um nucleófilo envolveu inversão de configuração do átomo de carbono, pois uma forma do cloreto de metila é idêntica a sua forma invertida. (Molécula aquiral).
Exemplo quando há inversão de configuração:
Observações sobre SN2:
- Para reações SN2, haletos de alquila mostram a seguinte ordem de reatividade:
metila > primário > secundário > terciário (não reativo)
Um fator importante atrás dessa reatividade é o efeito estérico. Para que moléculas ou íons possam reagir é necessário que seus centros reacionais possam se aproximar o suficiente para formar uma ligação. Como nessa reação há um ataque do nucleófilo por trás do carbono oposto ao grupo retirante, é necessário disposição espacial.
- Efeitos do solvente sobre a reação SN2: Solventes polares prótico e apróticos.
A velocidade das reações de SN2, aumentam muito quando ocorrem em solventes polares apróticos.
Reação SN1:
Vamos tomar como exemplo a reação do cloreto de terc-butila com o íon hidróxido:
Como a velocidade de formação do álcool terc-butílico é dependente da concentração do cloreto de terc-butila, independentemente da concentração do íon OH-.
Dobrando-se a concentração do cloreto de terc-butila dobra-se a velocidade de reação. A variação da concentração do íon OH- não tem efeito apreciável.
Logo, a reação é de primeira ordem global.
Mecanismo para SN1:
1 - Com a ajuda do solvente polar (H2O), o cloro parte com o par de elétrons que o ligavam ao carbono.
2 - Essa etapa lenta produz o carbocátion terciário relativamente estável e um íon cloreto. Estes íons são solvatados e estabilizados pelas moléculas de água presente no meio.
3 - Uma molécula de água, agindo como base de Lewis, doa um par de elétrons ao carbocátion (ácido de Lewis). Resultando em um produto que é o íon terc-butiloxônio.
4 - Uma molécula de água, agirá como base de bronsted, aceitando um próton do íon terc-butiloxônio.
Quando ocorre uma reação SN1 em moléculas quirais, há formação de um intermediário aquiral. Resultando assim em uma racemização parcial ou completa.
Observações sobre SN1:
- O fator primário que determina a reatividade de substratos orgânicos em uma reação SN1 é a estabilidade relativa do carbocátion que se forma.
- O uso do solvente polar prótico irá aumentar em muito a velocidade da ionização de um haleto de alquila em qualquer reação SN1.
Reação SN1 versus SN2:
Reações de eliminação em haletos de alquila:
Reação E2:
Quando um brometo de isopropila é aquecido com etóxido de sódio em etanol para formar propeno, a velocidade da reação depende da concentração de brometo de isopropila e da concentração do íon etóxido. Sendo assim, a velocidade de reação é de segunda ordem global.
Mecanismo para a reação E2:
1 - O íon etóxido básico começa a remover um próton de carbono β usando seu par de elétrons para formar uma ligação com ele. Ao mesmo tempo, o par de elétrons da ligação (C - H) β começa a entrar, para se transformar em uma ligação π de uma dupla ligação e o bromo começa sua retirada com os elétrons que o ligaram ao carbono ɑ.
2- [Estado de transição] Nesse estado há a existência de ligações parciais entre o oxigênio e o hidrogênio β e entre o carbono ɑ e o bromo. A ligação C - C está desenvolvendo o caráter de uma ligação dupla.
3 - A ligação dupla do alceno está totalmente formada e o alceno. Os outros produtos são uma molécula de etanol e um íon brometo.
Reação E1:
Mecanismo para reação E1:
1 - Por conta do solvente polar, o cloro se afastará do par de elétrons que o ligava ao carbono.
2 - Esta etapa lenta produzirá o carbocátion terciário e um íon cloreto. Os íons são solvatados e estabilizados pelas moléculas de água que os cercam.
3 - Uma molécula de água remove um dos hidrogênios de um carbono β do carbocátion. Um par de elétrons vai entrando para formar uma ligação dupla entre os átomos de carbono ɑ e β.
4 - Como resultado teremos um alceno e um íon hidrônio.
Agora que temos uma noção de como funciona cada mecanismo de reação, vamos ver a PARTE 2 que irá demonstrar qual dos mecanismos vistos acima (SN2, SN1, E2 e E1) devemos utilizar. Basta clicar aqui.
Espero que tenha sido uma explicação clara, qualquer dúvida ou sugestão deixem nos comentários :)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÓtimo resumo, parabéns
ResponderExcluirObrigada William! Fico feliz que tenha gostado :)
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOnde está a segunda parte? obg
ResponderExcluirexcelente ajuda :)
Oi, tudo bem?
ExcluirEstou escrevendo a segunda parte ainda, só não postei ainda por conta da quantidade excessiva de provas na faculdade. Peço desculpa! Mas assim que eu tiver um tempinho, eu coloco a segunda parte aqui.
justamente o que precisa você não fez, tsc tsc tsc , sua mãe sabe disso???
Excluirposte a segunda parte por favor
ExcluirMuito bom, obrigado.
ResponderExcluirUma pena não ter a continuação :\
ResponderExcluirOie, tudo bem?
ExcluirPeço desculpa por não ter a continuação ainda, não tive tempo de terminar de escrever ela, mas estou trabalhando nisso. Assim que a faculdade me der um descanso das provas, publico a segunda parte aqui, combinado? :)
Oii, tenho prova disso terça! Poste a segunda parte o quanto antes, por favor!!!!!!!
ResponderExcluirAmei o resumo, me ajudou muito
Pude colocar a parte 2 somente agora, peço desculpa pela demora... Espero que ainda possa te ajudar.
ExcluirBom dia!
ResponderExcluirVocê já tem a parte II?
muito bom, parabéns
ResponderExcluirMuito obrigada!
ExcluirUma breve e simples contribuição. Quando usar Sn1 E1 e Sn2 E2? Se usa o Sn2 E2 quando o carbono ligado ao X é primário ou secundário. No caso do E1 e Sn1, usamos quando o carbono ligado ao X é terciário, também na exceção, quando o substrato (grupo ligado ao X) é muito volumoso (ex terc butil), mesmo o carbono ligado ao x sendo primário ou secundário.
ResponderExcluirCorrigindo sec-butil
ExcluirEstá faltando a parte dois. Tem previsão de quando será postada?
ResponderExcluirQueria taaanto a parte 2...........
ResponderExcluirAgora temos a parte 2, corre lá pra ver :)
ExcluirExcelente resumo, com bons exemplos e bem ilustrados!
ResponderExcluirA segunda parte ainda não está pronta? NECESSITO MUITO!!
ResponderExcluirAgora está pronta :)
ExcluirMuito obrigada! A explicação ficou bem simples e direta.
ResponderExcluirSerá que poderia me ajudar com um exercício que vale nota sobre essa matéria?
ResponderExcluirExcelente explicação!
ResponderExcluirParabéns! o resumo esta ótimo!!
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